O papel do cristão nas eleições
Com a proximidade das eleições, é muito comum ouvirmos as pessoas falarem sobre política. Alguns vestem a camisa de candidatos que são seus amigos, parentes, vizinhos, amigo de parentes, parente de amigos, enfim. Já outros nem sequer gostam de ouvir a palavra “política”, preferem não falar sobre o tema, dizem que na política só existe ladrão, corrupto, que ninguém presta e assim por diante.
Mas será mesmo que política é um assunto que não se discute? É, de fato, bom que o cristão seja indiferente a ela? Pode o cristão encarar o voto como uma obrigação em vez de compreender que o exercício do voto é uma porta de entrada para a criação de um mundo mais justo, próspero, igualitário, sustentável, sem violência, sem discriminação e para o bem comum? A Igreja orienta seus fiéis nesse aspecto?
Essas e outras perguntas serão abordadas nesse texto.
O Papa Francisco disse: “Para o cristão, é uma obrigação envolver-se na política. Nós, os cristãos, não podemos fazer como Pilatos: lavar as mãos. Não podemos! Devemos nos envolver na política, pois a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. E os leigos cristãos devem trabalhar na política. Você, então, me dirá: Mas não é fácil, pois a política está suja. E, então, eu pergunto: A política está suja, por quê? Não será por que os cristãos se envolveram na política sem o espírito do Evangelho? Faço-lhe outra pergunta: É fácil dizer que a culpa é de outro, mas eu o que estou fazendo? É um dever trabalhar para o bem comum, é um dever do cristão!”. (Sala Paulo VI – Vaticano, 7 de junho de 2013).
Outros líderes da igreja também já se manifestaram nesse mesmo sentido. São João Paulo II, por exemplo, disse: “Os cristãos leigos e leigas não podem abdicar da participação na política.”
Tendo em vista essas e outras provocações de líderes da nossa Igreja Católica Apostólica Romana e visando orientar os fiéis católicos, em especial considerando o tempo de crise que passa o nosso país, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teve a iniciativa de lançar a Cartilha “A Igreja e as Eleições 2016”, na qual trouxe uma série de informações, bem como orientações políticas aos eleitores como, por exemplo:
I. Respeite as diferenças sobre opiniões políticas.
Não faça delas motivo de inimizades que possam resultar até mesmo em violência.
II. Conheça os candidatos e sua forma de trabalho.
Pesquise em fontes diferentes sobre o candidato, seu passado, sua índole, sua conduta moral e ética, e seus projetos políticos.
III. Não anule o seu voto e nem vote em branco.
Ao contrário do que muitos pensam, ainda que haja mais de 50% de votos nulos, a eleição não será anulada. Quanto ao voto em branco, ele não vai para o candidato ou partido mais votado. Nem o voto em branco, nem o voto nulo conta para qualquer candidato, apenas enfraquece a democracia.
IV. Não venda seu voto ou troque por favores.
A compra e venda de votos é crime eleitoral e, como tal, deve ser denunciado para o Munistério Público ou para a Justiça Eleitoral. Além disso, esteja atento aos custos da campanha. Isto pode contradizer discursos de simplicidade.
V. Não deixe que pesquisas de intenção de votos influenciem na sua decisão.
Vote em candidatos honestos, competentes e que estejam de acordo com as suas convicções e ideais como cristão.
As eleições municipais têm uma atração e particularidade especial pela proximidade com os candidatos. Não deixe de exercer o seu direito-dever como cidadão de votar. Pesquise, discuta, reflita e escolha os candidatos cujas características e projetos mais se aproximem de sua vida cristã.
E não se esqueça, o exercício da cidadania só começa por aí! Ele não se esgota no voto, mas se estende por todo o mandato dos eleitos.
Fique Atento!
A Lei Eleitoral proíbe atos de campanha (inclusive propaganda) nos domínios da igreja, principalmente se houver pedido implícito ou explícito de votos. Assim, não se pode fazer campanha eleitoral nas missas e encontros paroquiais, por exemplo.
Link para acesso à Cartilha da CNBB:
Informações do autor:
Natália Zanholo
Pastoral: EJC/Pascom
Catedral Osasco