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Vício da Gula

A gula não é senão o abuso do prazer legítimo que Deus quis que acompanhasse o comer e o beber, tão necessários à conservação do indivíduo. Ela é o amor desordenado dos prazeres da mesa, da bebida ou da comida. A desordem consiste em procurar o prazer do alimento, por si mesmo, considerando explícita ou implicitamente como um fim “fazer do seu ventre um deus” [quórum Deus venter est]; ou em procurar com excesso, sem respeitar as regras que dita a sobriedade. O prazer não é o fim, senão o meio, e que, por conseguinte, deve ser subordinado à reta razão iluminada pela fé. Cura-se com a pureza de intenção, sobriedade e mortificação (com motivo de caridade). (TANQUEREY, Adolph. A Vida Espiritual, explicada e comentada. Anápolis, Go. Ed. Permanência, p. 456-460. 2007)

“Não subestime a fome de Joaquim; o cara é bom de prato”

Certa vez, Joaquim foi convidado a fazer uma refeição com seu patrão numa churrascaria de classe média/alta, “Cortez”. Joaquim, nunca tivera comparecido em qualquer lugar semelhante àquele, com muitas opções e iguarias de comidas e bebidas; não sabia como proceder com tantos utensílios, mas de uma coisa ele sabia, que a fome era grande e precisava se alimentar, pois já havia passado muito tempo de seu almoço.

Seu patrão pede o rodízio para ambos. Eram inúmeros petiscos que antecediam o prato principal: vinha batata frita, Joaquim comia; vinha polenta frita, Joaquim comia; vinha pão de alho, Joaquim comia; e muitas coisas vinham à mesa, e de todas que vieram, nenhuma Joaquim rejeitou; até que passava o garçom nas proximidades de sua mesa com vários tipos de queijos suculentos que acabava de sair das grelhas abaixo de onde se encontrava a Picanha, que respingava seu tempero sobre eles enquanto esta estava sendo cuidadosamente assada, Joaquim, também não rejeitou.

Seu patrão, então, o alertou: “Joaquim, calma meu filho! Se você comer de tudo o que te oferecerem, ficará já satisfeito e não saboreará o prato principal que está por vir”. Joaquim, já um pouco sonolento, agora tentado pensar naquilo que seu patrão o alertava, disse: “Verdade mesmo... eu estava achando que estes já faziam parte do pedido...”. Responde seu patrão: “Fazem parte também Joaquim, mas…”, sem o patrão terminar de dizer, Joaquim ansiosamente solicita aquele que o servia: “Oh queijinho bom! Pode me trazer mais um? ”. Sem mais palavras do patrão.

Em seguida chega o prato principal. E como já era de se esperar, após Joaquim ter comido batatas, polentas, pão de alho, queijos e muitas outras coisas, este diz ao patrão: “Não vou ser deselegante com o senhor, afinal, eis que o senhor quis minha companhia ilustre para este almoço, apesar de antes ter petiscado poucas coisas, irei acompanhá-lo na Picanha... Passa a faca aqui garçom! Desce tudo do espeto! O que sobrar, pode pôr numa marmita que irei levar para o jantar. ”

 

Informações do autor

Seminarista Robison J. S. Fernandes – 2º ano de Filosofia do Seminário São José

Área Pastoral Santa Catarina de Alexandria (Mairinque)


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